terça-feira, 24 de agosto de 2010

Navalha na pele,com sal na ferida.


Teu coração levaram,sua alma roubaram,e com ela,sua capacidade de agir,de amar,de falar,de pensar.
Como numa prisao com grades internas,numa camisa de força,doente da vida,doente do mundo,cansado da vida,cansado de tudo,fugindo de gente,buscando seu túmulo,morrendo em seu tempo,morrendo em seu mundo.Triste,profundo.
Meio indiferente ao que por ele se sente,se é que tem gente que dele se lembre...Suando suas mágoas,insuficiente.
Farto de ver,ver e nao crer,ser mais um ser,e não ser nada,escravo do tempo.
Seus dias mortos,mortos de sede,de sede de vida,vontades da carne,com medo do tempo,com medo de tudo,surdo-mudo,de luto.
Navalha na pele,com sal na ferida.
Vive na busca do que não se pode ter,não se pode ver,não há nada a fazer,nada a temer,só esperar,esperar e rir,rir do fim,até chorar,desabar,ajoelhar,se contorcer e buscando forças berra para o mundo:
_Estamos no mesmo barco!
Nem as verdades dos padres,nem a certeza das pessoas,nem o amor gratuito de uma mãe,um sorriso de criança,o orgasmo dos amantes em seus universos sem espaço nem tempo,quanto menos o pôr-do-sol,os dias de chuva,as noites nos bares,os raios solares.
Nem mesmo os porres de vinho,que de nada adiantam a não ser no instante,mentem a sí mesmos,cúmplices da razão,da moral,de suas mentiras...
De nada adianta!
Seu coração roubaram,sua alma levaram.
Navalha na pele com sal na ferida,isso não é vida...
Um aborto.


Escrito por Bruno Discacciati Lima.
*Desenho de Frances Bean Cobain.

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