segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O ciclo

Desfazendo os nós,nós mesmos
Olhando pra dentro,pra ver la fora
Cumprindo os ciclos,como o sol
Que morre pra nascer denovo,nessa viajem lenta,constante
Cumprindo seu ciclo.

Catraca de uma engrenagem,de um sistema
Que move tudo
e faz as coisas serem do jeito que são
Sem sentido,nem razão.
Simplesmente somos.

Alimente-se de ar,de sol,de sonhos
De vozes,de seios
Quando tudo se parece estranho,do avesso
E não é facil sorrir todo dia
Cansado de domingos
a domingos...

Alimente-se de cores,de sons e de cheiros
Respirando...
Só mesmo respirando
Cumprindo o ciclo,a lei.
Severa certeza
do fim da viajem
Lenta...
Só mesmo respirando.


Maça apodreçe na fruteira
Que nem a pele de um velho
Que morre com o ar que respira
Ou mata a fome de um outro qualquer
Cumprindo seu ciclo.

Escrito por Bruno Discacciati Lima.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Navalha na pele,com sal na ferida.


Teu coração levaram,sua alma roubaram,e com ela,sua capacidade de agir,de amar,de falar,de pensar.
Como numa prisao com grades internas,numa camisa de força,doente da vida,doente do mundo,cansado da vida,cansado de tudo,fugindo de gente,buscando seu túmulo,morrendo em seu tempo,morrendo em seu mundo.Triste,profundo.
Meio indiferente ao que por ele se sente,se é que tem gente que dele se lembre...Suando suas mágoas,insuficiente.
Farto de ver,ver e nao crer,ser mais um ser,e não ser nada,escravo do tempo.
Seus dias mortos,mortos de sede,de sede de vida,vontades da carne,com medo do tempo,com medo de tudo,surdo-mudo,de luto.
Navalha na pele,com sal na ferida.
Vive na busca do que não se pode ter,não se pode ver,não há nada a fazer,nada a temer,só esperar,esperar e rir,rir do fim,até chorar,desabar,ajoelhar,se contorcer e buscando forças berra para o mundo:
_Estamos no mesmo barco!
Nem as verdades dos padres,nem a certeza das pessoas,nem o amor gratuito de uma mãe,um sorriso de criança,o orgasmo dos amantes em seus universos sem espaço nem tempo,quanto menos o pôr-do-sol,os dias de chuva,as noites nos bares,os raios solares.
Nem mesmo os porres de vinho,que de nada adiantam a não ser no instante,mentem a sí mesmos,cúmplices da razão,da moral,de suas mentiras...
De nada adianta!
Seu coração roubaram,sua alma levaram.
Navalha na pele com sal na ferida,isso não é vida...
Um aborto.


Escrito por Bruno Discacciati Lima.
*Desenho de Frances Bean Cobain.

Um brinde a essa gente...

Poema pra gente
Que vive o minuto
Que olha no olho
Que sua no mundo

Um brinde a essa gente
Que senta no chão
Que ri com agente
Que não fica mudo

Um brinde a essa gente
que fala na cara
Que bate na lata
Que bebe cachaça

Um brinde a essa gente!

Escrito por bruno Discacciati Lima.

Pra eles

A morte,o fim do pensamento
A busca,a morte do ego
Efêmera,a vida do homem
O homem,o vírus da terra

Deus,um passado
Um sentido,o agora
A existir sou condenado
E a amar,ah!isso é de bom grado!

Empalhados não se movem
Vegetais plantados na terra
Enraizadas certezas
As mesmas fraquezas...

Não raros são os vermes
Dementes cabeças
Nadando na lama
Matando a beleza

Condenam a vida
Comeram o passado
Cuspiram no presente
Cuspiram na gente

Prazer não existe
Cultivam a dor
Nessa vida sem calor
Mataram o amor.

Escrito por Bruno Discacciati Lima.

domingo, 22 de agosto de 2010

Sonho?


Um longo caminho de terra massageia meus pés.Estou vivo!O cheiro dôce do ar penetra minhas narinas e me faz rir com o vento colorido que me envolve.Danço sem música,desnecessárias palavras!É possível sentir tudo,compreender tudo,descobrir e aprender sem uma pergunta sequer fazer.
São as flores mágicas!Mastigo.Gosto ruim na boca.
Vôo sem asas,pouso no sol.Eu sou o sol.Eu sou o todo.
Choro.
Vago pelo universo,que nem um sonho lúcido,mas nada é real,não pode ser real,a realidade é uma mentira mastigada e enfiada guela abaixo,penso.
Pouso na terra,fui abortado,castrado,regurgitado por Deus,um Deus-mulher,um Deus-mãe,nasci denovo,bicho do mato,animal selvagem,nú.
Sigo pela noite,minha eterna companheira.
Ahhh!Flores mágicas...

Escrito por Bruno Discacciati Lima

Morte-Vida


Nas ruas silênciosas da madrugada, onde pessoas viviam em busca de algo inatingível,numa correria sem sentido dentro desse gigantesco formigueiro humano,que nem cães atras de lixo,sobrevivendo e existindo,embriagando-se noite após noite,na tentativa de achar um motivo,ver se algo acontece,quebrar o tédio.
O mesmo velho de olhar longe e triste,puxando o seu fumo e observando as crianças brincando e gritando,felizes em suas inocências,sem saber o que está por vir,sem querer saber o que o espera,que fim vai levar,continua sentado no banco da praça.
Nas ruas silênciosas da madrugada,passam ratos,passam gatos,reina o silêncio,pesado silêncio,as árvores estão secas e o ar cinza,morto,congelado.O velho não existe mais,está cinza,morto, congelado.As crianças cresceram e bateram com a cara no futuro e desejaram voltar,pegar o trem do passado,passado feliz.
Acabaram em empregos banais,nas suas vidas fúteis,existências inúteis,com suas famílias vivendo e engordando em frente a TV,ficaram velhos e sentados nos bancos das praças observavam outras crianças.As lagrimas escorreram pelas suas faces.
Amargo presente.
Qual sentido teria tudo isso?

Escrito por Bruno Discacciati Lima

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Nietzsche e o " melhoramento" do homem


Segue abaixo uma passagem do livro "crepúsculo dos ídolos" de Nietzsche.

OS QUATRO GRANDES ERROS

Qual pode ser nosso único ensinamento?-que o homem dá suas propriedades,nem Deus,nem a sociedade,nem seus pais e antepassados,nem ele mesmo(-a insensatez da representação aqui recusada em último lugarfoi ensinada,como "liberdade inteligível" ,por Kant,talvez por Platão também).Ninguém é responsável por em geral estar aí,por ser assim e assim, por estar sob essas circunstâncias,nesse meio.A fatalidade de seu ser nao é dissociãvel da fatalidade de tudo aquilo que foi e será.Ele não é a consequência de um propósito próprio,de uma vontade,de um fim,com ele não é feito o ensaio de alcançar um "ideal do homem" ou um "ideal de moralidade"-é absurdo querer arremessar sua essencia em direção a algum fim.Nós inventamos o conceito "fim":na realidade falta o fim...É-se necessariamente,é-se um pedaço de fatalidade,pertence-se ao todo,é-se no todo-não há nada que pudesse julgar,medir,comparar nosso ser,pois isso significaria,julgar,medir,comparar,condenar o todo...mas não há nada fora do todo!-Que ninguém mais seja responsabilizado,que o modo de ser não possa ser reconduzido a uma causa prima,que o mundo,nem como sensorium,nem como "espírito" , seja uma unidade,isto somente é a grande libertação-com isso somente é reestabelecida a inocência do vir-a-ser...O conceito "Deus" foi até agora a máxima objeção contra a existência... Nós negamos Deus,negamos a responsabilidade em Deus:
com isto somente redimimos o mundo.


OS "MELHORAMENTOS" DA HUMANIDADE

Um primeiro exemplo, e bem provisoriamente.Em todos os tempos se quis "melhorar" o homem: a isto sobretudo se chamou moral.Mas sob a mesma palavra se escondem as mais diferentes tendências.Tanto o amansamento da besta homem,quanto o aprimoramento de um determinado gênero de homens é denomindao "melhoria": somente estes termos zoológicos exprimem realidades-realidades sem dúvida,das quais o típico " melhorador, o padre,não sabe nada-nem quer saber...Denominar o amansamento de um animal sua "melhoria" é,a nossos ouvidos,quase uma piada.Quem sabe o que acontece nas ménageries* dúvida de que ali a besta seja "melhorada".Ela é enfraquecida,tornada menos danosa, torna-se,pelo sentimento depressivo do medo,pelas feridas, pela fome,uma besta doentia.
Não é diferente com o homem amanasado,que o padre"melhorou".
Na antiga Idade Média, onde de fato a Igreja era antes de tudo uma
ménagerie,se dava caça por toda parte aos mais belos exemplares de "besta loira"-"melhoraram",por exemplo o aspecto de um tal germano "melhorado", sedutoramente conduzido ao claustro?Uma caricatura de homem,como um aborto:ele se tornou em "pecador" , ele estava na jaula, haviam-no trancado entre puros conceitos apavorantes...Ali jazia ele,doente,enfezado,malévolo contra si mesmo:cheio de ódio contra os impulsos da vida,cheio de suspeita contra tudo que era ainda forte e feliz.Em suma,um "cristão"...Para falar fisiologicamente:no combate com a besta o tornar doente pode ser o único remédio para enfraquecê-la.Isso a Igreja entendeu:corrompeu o homem,enfraqueçeu-o- mas teve a pretensão de tê-lo "melhorado"...


Escrito por F. Nietzsche

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O espírito do vento das noites


Tudo bem...
Nascemos de repente,e num estalo estamos aqui,nús e crús na cara do mundo.
Viveria eu de contemplação,nuvens cheias e lindas preenchem o céu e me presenteiam nesse momento.O canto dos pássaros em contraste com as marteladas do pedreiro na casa ao lado,a música oscilando entre as leves suaves profundas pesadas e perturbadoras notas do piano...e passam carros,malditos carros barulhentos,e passa gente,gente que fala de gente,e o vento sopra,eterno vento que nunca para,nunca para!As vezes descansa pra voltar a soprar,que nem pessoas e seus empregos e suas rotinas.
Viveria eu de êxtase puro,êxtase mental,carnal,livre,uma boa dose,um bom cigarro e segundos morrem que nem brasa que vira cinza,e morremos também,junto com segundos,com os cigarros...
Quem dorme está vivo,mas não vive.
Sono eterno,lento,e a mente vaga no universo,nas dimensões ou seja la o que isso signifique,vaga nela mesma e em outras.
E os vivos vagam,noite e dia!E o primeiro repete o último,e o último repete os que virão e assim a banda toca,flui,nunca pára,acaba pra um,começa pra outro, e morre outro ali,que nem um jazz,nota sobre nota,corpos sobre corpos,copos e mais copos,vidas em vidas entrelaçadas,doando,gozando,esperando o espírito do vento das noites nos levar,chamando pra dançar,nos levando plenos,cuspindo,gritando, gemendo,colados em êxtase.

Escrito por Bruno Discacciati Lima

Televisao e Hipnose


O cidadão na busca direta da informação rápida,senta-se ao sofá e liga a televisao.
Verdades são vomitadas na cara da população,ilusões impressas em nossas retinas e noticias sensacionalistas injetadas em nosso cérebro.
A mídia,esse veículo de comunicação assustador,não permite ao indivíduo fazer uma análise do fato,nem questionar o que se passa na realidade,pois de uma maneira ditatorial e manipuladora,só mostra um lado da moeda.
Várias foram as vezes,que me deparei com uma notícia de assasinato envolvendo a palavra "maconha",na tentativa de associar essa planta como se fosse a responsavel pela atrocidade,e em menos de um minuto,seguia um culto ao alcool,com pessoas felizes e sorridentes,loiras semi-nuas rebolando com um copo na mão.
Merda.
Mas sim!Diante de tanta sujeira e deturpação,nada melhor que um jogo de futebol no meio da semana para comandar todo esse rebanho,ou uma novelinha diária com mais pessoas felizes e sorridentes,pessoas de plástico naquele mundinho utópico.
Mudando de emissora ouvi o Datena(meu deus!)dizer que ateus e os sem-Deus no coração serem responsáveis por crianças jogadas pelas janelas e mulheres mortas diariamente.
Como se não bastasse,aos domingos,antes de uma nova rotina de trabalho,somos alimentados com todos aqueles programas de "humor",que nem uma caixa inteira de PROZAC me faria rir.
Controle remoto na mão.
Mudo de canal.Mudo denovo.Repito o processo.
No meio de tantos gritos frenéticos e demoniacos de uma dúzia de pastores comandando uma multidão de marionetes sem cabeça,desligo o aparelho.Silêncio na sala.
Isso é a morte!A morte dos livros,a morte da cultura,o assasinato da inteligência e do livre-pensamento,o culto da burrice e ignorância,a massificação dos seres humanos,e não se esqueça,beba coca-cola!
Como num programa de auditório,com mais pessoas felizes e sorridentes,eu encerro esse texto.

Escrito por Bruno Discacciati Lima

"Nao sustente parasitas"


Campanha pelo voto nulo.
Não reeleja ninguem.
Solte o grito!VOTO NULO!

Escrito por Bruno Discacciati Lima

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Apenas corpos

Folhas secas,vidas secas
Mesmos gestos,mesmos rostos
mesmas vidas,mesmos gostos
imundas vidas!

Apenas corpos decompostos
em espera
eterna-espera-estúpida
para desaparecer,perecer
permanecer no nada,do nada,para o nada.

Debaixo dessa terra fria
pessoas dormem
e nem viveram...
apenas corpos decompostos.

Eterna-espera-estúpida!


Escrito por Bruno Discacciati Lima

O Homem e o traço feminino na alma

É notavel a falta de sensibilidade no comportamento da sociedade contemporânea,visto que,os condicionamentos sociais estão impondo posturas determinadas e dogmas sexuais,que visam demonstrar a afirmaçao da masculinidade em contraposição com a exclusão do belo na alma,a doçura do espirito,o lado feminino de todos os seres.
Somos todos um.
Não há mal que não possui um pouco do bem.
Não há beleza que esconda um traço imperfeito.
O ser humano não surgiu sob um molde,uma estrutura padrão,e nem foi construído por linhas de montagens.Somos junções comportamentais ativas e pensantes.
A afirmação do "macho" diante dos outros,exclui por inteiro a magia do amor e gentileza entre os seres,robotiza as ações,cria um mecânismo repetitivo e dissolve a individualidade,a diferença.
O ser do sexo masculino não pode mais gostar de flores,que sem paralelo algum com a razão,é associado à homossexualidade.Estupidez total...
Pessoas não se abraçam,não se tocam,não compartilham forças e energias.
O sexo é controlado,regulado e limitado,como se estivessemos sob o olhar de nossos avós enquanto copulamos.
O amor é fictício,verbal,pobre na sua essência.Mais carne,menos sentimento.
Vejo uma criança,esse ser de essência pura,livre e protegido do vìcio mundano,livre dos padrões e diferenças sociais,oculto desse lado podre do ser humano,um ser-para-sí que na sua inocência,vai se lapidando aos poucos nesse mundo cinza e materialista.
Que nossos filhos vejam pessoas se abraçando.
Que nossos filhos abraçem pessoas.
Que nossos filhos sintam pelos seres o que sentem por sí mesmos.
Que nossos filhos independente do sexo,gostem de flores.
Que nossos filhos semeem o amor na terra,para que nossos netos o possam colher.
E que nossos filhos sejam indivíduos unicos,livres do vício repetitivo,que façam o que não foi feito,o que ninguem fez,e que sejam eles mesmos nesse mundo de iguais.


Escrito por Bruno Discacciati Lima